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Resenhas

Robinson Crusoé, de Daniel Defoe

Robinson Crusoé
Robinson Crusoé, de Daniel Defoe publicado pela Editora Zahar com tradução de José Roberto O’Shea.

30 de setembro de 1659. Eu, pobre e desgraçado Robinson Crusoé, depois de naufragar em alto-mar durante uma tempestade terrível, cheguei à costa desta ilha desoladora e infeliz, que denominei ‘Ilha do Desespero’, sendo que o restante da tripulação do navio afogou-se, e quase morri.”
Com uma prosa aparentemente despretensiosa, mas repleta de nuances, Daniel Defoe narra a vida atribulada de Crusoé a partir da decisão de abandonar o destino trivial no interior da Inglaterra para se tornar marinheiro.

Após várias desventuras e uma crucial estada no Brasil, seu barco naufraga em meio a uma tempestade violenta, a tripulação morre e ele vai parar numa ilha deserta tendo apenas uma faca, um cachimbo e um pouco de tabaco, além de um formidável instinto de sobrevivência. Com disciplina, Crusoé aprende não apenas a construir uma canoa, fazer uma panela e assar pão, mas também a enfrentar seus medos, suas dúvidas e a solidão absoluta. Até que, depois de 24 anos excruciantes, ele descobre uma pegada humana na areia. Fonte da sinopse: https://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=4303030

Robinson Crusoé

Robinson Crusoé é uma daquelas histórias que você conhece grande parte, mesmo que nunca tenha lido o livro todo. Clássicos se tornam clássicos por vários motivos e foi por isso que eu decidi que queria/precisava ler esse livro.

Todo mundo tem manias de leitor certo? Bom a minha é: sempre que possível, quando na minha TBR tem um clássico eu procuro edições que tem alguma introdução feita por um professor de literatura que estudou o autor ou livro. Uma tradução confiável e quantos textos de apoio eu achar e o porquê disso? Porque ler vai além de diversão em algumas experiências, depois que comecei a cursar Letras passei a admirar ainda mais (se é que isso é possível) o trabalho que dá criar um roteiro, estabelecer uma forma e encaixar dezenas de estereótipos da época em que o livro foi escrito.

O grau mais elevado da sabedoria humana é saber adaptar o seu carácter às circunstâncias e ficar interiormente calmo apesar das tempestades exteriores.

A história de Robinson Crusoé

O plot básico que constitui um dos maiores clássicos Ingleses é de um jovem sedento por aventuras que se torna náufrago (e dá nome a ilha como ilha do desespero), que fica fadado a enfrentar um longo (longuíssimo) período de isolamento, até que encontra uma pegada na areia e ao conseguir voltar pra “sociedade” descobre que o conhecido já não tem o mesmo valor.

Os principais papéis temáticos que vamos encontrar ao longo das páginas são: solidão do personagem da perspectiva do quanto o ser humano precisa de interação, o tempo (ou a sobra do tempo) para examinar a própria consciência e a universalidade do homem colocado no centro da existência; como todo e qualquer livro calhamaço ou fininho se torna exaustivo na minha experiência de leitura apenas nas passagens que contêm longas descrições.

Qualquer um pensaria que naquele estado de ventura eu jamais voltaria a sujeitar-me a riscos, e assim, na verdade, seria, se outras circunstâncias tivessem concorrido; mas eu havia me habituado à vida errante, não tinha família direta nem muitos parentes […]

Na primeira edição do livro, a aventura do náufrago foi dividido em três partes o que faz muito sentido se pensarmos que o plot completo é uma grande aventura com vários episódios (incluindo uma passagem de Robinson Crusoé pelo Brasil). Nesta edição em específico na introdução assinada por José Roberto O’Shea nos oferece além de uma mini introdução sobre a vida do autor e da obra em específico as notas mais legais sem dúvidas são as que falam sobre a tradução da obra.

O texto de Defoe é característico dos períodos longo, a pontuação e o uso de gerúndio e esse tipo de informação é incrivelmente enriquecedora, porque você chega na história já reconhecendo os pontos que muito possivelmente tornaram o texto um clássico.

O grau mais elevado da sabedoria humana é saber adaptar o seu carácter às circunstâncias e ficar interiormente calmo apesar das tempestades exteriores.

Essas aventuras transformaram-se em uma obra muito estudada e adaptada, inclusive há uma adaptação cinematográfica muito famosa de 1999  e um dos meus textos preferidos é de um ator e crítico Italiano chamado Ítalo Calvino que quando fala sobre o Robinson Crusoé se atém principalmente nas características do discurso que abordam a fé e a temática de guia espiritual que fez tantos fãs.

Sobre esse papel temático Calvino afirma: “[…] não são as pregações edificantes, sempre apressadas e genéricas, com as quais de vez em quando são floreadas  as páginas do Robinson, que fazem dele um  livro de sólida ossatura moral, mas o modo direto e natural com que um costume e uma ideia da vida, uma relação do homem comas coisas e as possibilidades ao alcance  de sua mão se exprimem em imagens.” Pg.105 de Porque ler os clássicos.

Robinson Crusoé

Obviamente como um clássico do século XVII existem umas passagens que o leitor contemporâneo vai revirar os olhos, mas que deve ter surpreendido os leitores da época! Que delicia poder assinalar o lido em mais um clássico! E ai, qual clássico você pretende tirar da sua lista de quero ler e colocar na lista de Lido?

Robinson Crusoé
Autor: Daniel Defoe
Tradução: José Roberto O’Shea
Editora: Zahar
Páginas: 351 | ISBN: 9786559790319
Para lerhttps://amzn.to/3FWeDwW

Avaliação: 3.5 de 5.


Ósculos e Amplexos, Karina.

Sobre o autor

Biomédica por formação, bookaholic por paixão!

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